Quem Somos!

O início das aulas está chegando e com ele uma marca nada legal deste período: os trotes! Eles estão cada vez mais violentos e sem graça.

Por isso, um grupo de docentes da UniFil criou o Núcleo de Apoio às Vítimas de Trotes Violentos, para auxiliar vítimas desse tipo de ação e tentar combater atitudes criminosas nestas “boas vindas” aos calouros. Alunos de qualquer uma das instituições de ensino superior de Londrina e toda a região passam a ter à disposição advogados, psicólogos e outros profissionais para denunciar agressores, fazer prevalecer os seus direitos.


As pessoas de bem não suportam mais a humilhação, o constrangimento e os atos de barbárie em trotes aos jovens aprovados em vestibulares. Essas atitudes de “grupelhos” que usam de intimidação, ameaças, xingamentos e até de violência precisam ser combatidas com a mesma veemência com que são impostas. Meninos e meninas, quase sempre pressionados e na ingenuidade, se submetem a situações vexatórias e perigosas por medo e coerção.

Não é possível mais aceitar que veteranos persistam com condutas ultrajantes e de risco em relação aos calouros.

No mês de fevereiro, grande parte das universidades e faculdades de todo o Brasil inicia o ano letivo de 2015. Por todo o País devem se repetir as recepções aos calouros. Lamentavelmente, cenas de violência e práticas humilhantes vão acontecer, como se sucedem todos os anos.

Como em Londrina também ocorrem fatos semelhantes, decidimos fazer a nossa parte: criamos o Núcleo de Apoio às Vítimas de Trotes Violentos.

O objetivo é dar todo suporte jurídico e psicológico a estudantes que se sintam atingidos física e/ou mentalmente nos trotes universitários.

Quem pode participar?

Alunos de qualquer uma das instituições de ensino superior de Londrina e toda a região!

Confira os serviços que estão à sua disposição!

O que fazemos?

Os alunos passam a ter à disposição: Assistência Gratuita!

Advogados, Psicólogos e outros profissionais para denunciar agressores, fazer prevalecer os seus direitos como cidadãos e, quando necessário, receber acompanhamento para superação de possíveis traumas psíquicos.

O Núcleo de Apoio às Vítimas de Trotes Violentos conta com a expertise e capacitação profissional de docentes da UniFil, que conduzirão os atendimentos e procedimentos cabíveis em cada um dos casos denunciados.

Por que fazemos?

Os trotes violentos já resultaram em mortes, como aconteceu na Universidade de São Paulo (USP), a principal do Brasil. Inúmeras barbaridades praticadas por veteranos foram relatadas pela imprensa em todo o País, com cenas absurdas dos mais variados tipos de humilhações, ofensas, agressões, consumo forçado e exagerado de bebidas alcoólicas, retaliações e outras ações que se caracterizam como crimes. São atitudes que podem ser enquadradas como lesão corporal - com agravantes de natureza grave e seguida de morte, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, estupro e muitos outros delitos.

É preciso dar um basta nesse comportamento considerado até doentio de veteranos que se acham no direito de maltratar os calouros. Não são todos, obviamente, mas as consequências das ações daqueles que insistem em trotes violentos refletem negativamente.

A iniciativa de criar o Núcleo de Apoio às Vítimas de Trotes Violentos é motivada também por fatos ocorridos na festa de divulgação dos aprovados no vestibular da UEL, realizada no dia 15/01/2015 no aterro do Lago Igapó. Imagens de tristes e inaceitáveis acontecimentos foram encaminhadas ao Ministério Público para providências e responsabilização dos envolvidos.

Londrina não pode compactuar com a insanidade e a crueldade aos seus jovens. Não pode se omitir e permitir que “grupelhos de veteranos” prossigam com suas barbaridades. As pessoas de bem precisam se manifestar e agir para acabar de vez com isso. Já existem muitos bons exemplos de trotes culturais, sociais, comunitários e humanitários, com ações positivas para a comunidade londrinense. Esses devem prevalecer e ganhar cada vez mais espaço entre os estudantes de nossa cidade.

A aprovação no vestibular é um dos momentos de maior felicidade para jovens e seus familiares. Representa uma conquista, o início de uma nova fase na vida, a abertura para um universo acadêmico de muitas descobertas e preparação para o ciclo profissional que se aproxima.

Ou seja, significa para muitos o começo da concretização de sonhos e projetos, um instante de enorme satisfação e realização. Por isso, merece ser comemorado com muita alegria. Mas também dentro de limites que não firam a integridade ou exponham as pessoas ao ridículo.

Responsável pelo Projeto: Professor Vinícius Montai – Coordenador do Curso Pré-vestibular Med Smart Anglo

Pratique esta idéia!

Alguns bons exemplos de trotes solidários para praticar:

De doação de sangue, roupas e alimentos à realização de oficinas de reciclagem e peças de teatro, não faltam ideias para substituir aos ultrapassados trotes violentos.

  • Realizar uma campanha para doação de livros, roupas, alimentos, remédios e brinquedos;
  • Orientação profissional;
  • Organizar atividades de lazer, jogos e campeonatos;
  • Organizar um mutirão para limpar e reorganizar uma universidade ou centro comunitário;
  • Organizar uma doação de sangue entre os novatos e os veteranos;
  • Fazer oficinas de reciclagem, convidando a comunidade que vive no entorno da faculdade;
  • Programar apresentações de teatro e música, mostrando os talentos da faculdade;
  • Plantar árvores e ensinar aos moradores como cuidar delas;
  • Ensinar às crianças carentes algum tipo de atividade que seja benéfica para elas.

Você tem alguma sugestão de trote solidário? Mande agora a sua!

Crimes

Separamos alguns artigos do Código Penal Brasileiro relacionados às atitudes mais comuns nestas “festas”.

Se você é calouro, fique atento à legislação para o caso de se sentir agredido e quiser denunciar os agressores.

Se você é veterano e pretende humilhar ou mesmo agredir os calouros, também preste atenção para ver quais são os crimes que você pode responder na justiça.

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:
  • I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
  • II - perigo de vida;
  • III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
  • IV - aceleração de parto:
  • Pena: reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
  • I - Incapacidade permanente para o trabalho;
  • II - enfermidade incuravel;
  • III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
  • IV - deformidade permanente;
  • V - aborto:
  • Pena: reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

  • § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
  • Pena: reclusão, de quatro a doze anos.

Constrangimento ilegal

  • Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
  • Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Injúria

  • Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
  • Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.

Ameaça

  • Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
  • Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
  • Parágrafo único: Somente se procede mediante representação.

Lei de Contravenções Penais n. 3688/1941

Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
  • I – a menor de dezoito anos;
  • II – a quem se acha em estado de embriaguez;
  • III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;
  • IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza:
  • Pena: prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa.

Lei 11468/2011

Art. 43. É proibido, nos logradouros públicos, no âmbito do Município:
  • I – realizar a prática estudantil denominada trote;
  • § 1º Define-se como prática denominada trote toda e qualquer forma de manifestação estudantil por aprovação em cursos regulares ou em concursos seletivos e exames vestibulares, que utilize qualquer modo ou meio de comunicação, violência ou agressão que possa injuriar, colocar em risco ou constranger a integridade moral ou física, a dignidade ou a imagem do estudante e/ou seus familiares.

Notícias!

Calouro da Rural passa por trote violento e acaba internado em CTI

Veteranos teriam obrigado estudante de 18 anos a fazer exercícios à exaustão.

Com dores nos joelhos e nas articulações, mal conseguia sair da cama. À tarde, urinou sangue e foi internado às pressas, no CTI da Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, em Campo Grande, com graves complicações renal e muscular.

Adolescente é queimada durante trote de faculdade em Adamantina

Vítima sofreu ferimentos de terceiro grau nas pernas e no umbigo.
Uma jovem de 17 anos sofreu queimaduras de terceiro grau nas pernas e no umbigo durante um trote de faculdade, em Adamantina, na região oeste de São Paulo. Ela teria sido atingida por um produto químico jogado por alguns rapazes.

Faculdade afirma que fato ocorreu "fora das dependências da instituição".

Jovem pode perder visão de um olho após trote violento no interior de SP

Um estudante de 18 anos corre o risco de perder a visão do olho esquerdo por causa de um trote violento em Adamantina, a 594 km da capital.
O ataque ocorreu durante o trote com calouros da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas), na segunda (2) –mesmo dia em que outra aluna, Nathália de Souza Santos, 17, teve as pernas queimadas.

"A gente ainda não sabe o que vai acontecer. Vamos fazer o acompanhamento do caso e torcer para que tudo dê certo", disse a tia do jovem, Keila Castilho.

Trote violento Agronomia Unopar 2016

Trote Violento na Faculdade de Medicina em SP

Assista o Video da Coletiva!

Calouro não precisa ser humilhado só porque é calouro

O ingresso na vida acadêmica de um jovem 20 anos terminou em tragédia em Maringá (Norte). Ao se recusar a participar do "trote" de recepção dos veteranos do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar)...

Para 27% dos universitários, abusar de garota bêbada não é violência

Medo já fez 36% das mulheres deixaram de fazer atividades acadêmicas. Uma pesquisa feita com homens e mulheres estudando em universidades brasileiras mostra que 27% dos homens entrevistados acreditam que, se uma garota tiver bebido demais, abusar dela não é uma forma de violência.

Na Medicina da USP, 43% dos alunos dizem já ter sofrido assédio sexual

Há um clima que de alguma forma propicia ou favorece que casos graves aconteçam, e é o que estamos vendo agora com as denúncias que surgiram. São denúnicas de situações extremamente graves, extremamente sérias que ocorreram no ambiente universitário".

Maria Fernanda Peres, professora da FMUSP.

Série denuncia sofrimento de calouros em trotes de universidades

Esta semana foi de volta às aulas em muitas universidades brasileiras, mas, para alguns estudantes, o início da vida acadêmica pode ser traumático. Na série "Trotes, Lições de Estupidez" o Jornal da Band denuncia as práticas violentas por trás das festas de boas-vindas.

CPI das universidades quer classificar trote como crime de tortura

Relatório final da CPI traz também projeto de lei que sugere um cadastro de antecedentes que impediria estudantes que praticaram trotes violentos de se inscrever em concursos públicos ou processos seletivos de órgãos públicos.

Polícia identifica dez suspeitos de trote violento

A Polícia Civil de Adamantina, no interior de São Paulo, identificou cerca de 10 pessoas suspeitas de terem participado do trote violento que causou ferimentos nas pernas da estudante de pedagogia Nathália de Souza Santos, de 17 anos, nas Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI).

Quais foram os trotes mais cruéis do Brasil?

O primeiro trote universitário no país, em 1831, acabou em morte na Faculdadede Direito de Olinda. Desde então, a maioria das instituições proibe a prática, mas o ritual continua e, em muitos casos, com bastante violência.

PUCPR investiga abusos cometidos por veteranos em trote de Engenharia Civil

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) abriu investigação interna para apurar denúncias sobre um trote de teor degradante aplicado pelos veteranos do curso de Engenharia Civil em calouras. O caso foi revelado por um coletivo feminista nas redes sociais.

Ex-presidente do BC prevê 2015 bom para advocacia, mesmo com crise econômica

“Dois mil e quinze será um ano bom para os escritórios, pelas razões erradas.” Essa é a previsão do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola. Mesmo com um cenário econômico instável, causado pela combinação de recessão, inflação alta e real desvalorizado perante o dólar, 2015 não será um ano ruim para os advogados.


Consequências de trote violento em jovens

Um dos significados de “trote” no dicionário é “brincadeira dos veteranos das escolas para com os calouros”. Este ato, que tem sido praticado há muitos anos, constitui um rito de passagem. Demarca um fechamento de ciclo na vida do calouro e o início de uma nova etapa. A partir da entrada na faculdade, ele está se profissionalizando com qualidade, preparando-se para assumir uma profissão e um lugar na sociedade, passando a pertencer ao mundo dos adultos.

Ao longo da vida realizam-se vários ritos de passagem, como casamento, batismo, velório, baile de debutantes e formatura, dentre outros. São sempre acompanhados por rituais que marcam psiquicamente a pessoa que está vivendo o acontecimento. De alguma forma pontuam que não há volta, que a partir daquele momento haverá mudanças na vida e o indivíduo deve seguir em frente.

A antropologia mostra em seus estudos que esses ritos de passagem foram vividos sempre com sentimentos intensos e ambivalentes, não só pela pessoa que está se submetendo à situação, mas por toda a comunidade envolvida. Embora o homem tenha evoluído muito na ciência e na tecnologia, emocionalmente não tem se mostrado muito diferente do homem primitivo.

Freud, em 1921, no texto “Psicologia de Grupo e Análise do Ego”, mostra como o homem em grupo torna-se muito mais emocional que racional, seguindo o Superego do líder do grupo, não se sentindo responsável por seus atos, sendo contagiado pela emoção que circula e toma conta do grupo. Deixa de lado a ética e a moral vigentes, respondendo ao que o grupo almeja. Faz coisas que sozinho não faria!

Isto se torna muito perigoso e é o fenômeno que vemos acontecer nos trotes de universitários. Grupos de veteranos, conduzidos por uma liderança que surge muitas vezes espontaneamente entre eles, desejosos de mostrar seu poder demarcando o território aos que estão entrando na faculdade, promovem um rito de passagem através de brincadeiras, chistes, gritos de guerra. Muitas vezes submetem calouros a situações constrangedoras, humilhantes e degradantes, mexendo com a dignidade destes. Tivemos em história recente calouros que foram a óbito como consequência do trote.

Na história da humanidade, as conquistas de território feitas na maioria das vezes através de guerras e invasões sempre foram pautadas por muita crueldade, pois assim os povos dominantes mostravam sua força e poder sobre os dominados. Isto tem se repetido com fúria similar na situação de trote. O que deveria ser uma brincadeira acaba muitas vezes se tornando um pesadelo.

As consequências podem ser graves. Os trotes podem causar sensação de desamparo, insegurança, diminuir a autoestima da pessoa que se submete à violência. Além disso, produzir transtornos que limitam a pessoa, como depressão, pânico, ansiedade generalizada, fobia social, reação aguda ao stress e transtorno de adaptação. Outras consequências são estado de stress pós-traumático, insônia, terrores noturnos, anorexia ou bulimia nervosa, entre outros quadros que podem se apresentar.

Cada ser humano traz uma história de vida, que pode ter se constituído psiquicamente com algumas fragilidades que afloraram como doença em situações de adversidade. Pode reeditar, diante de um trote, que deveria ser uma brincadeira saudável, situações mal resolvidas de abuso físico, sexual ou moral. E a partir disso, apresentar transtornos prejudiciais à sua vida e ao seu desempenho e enfrentamento do cotidiano. Pode também experimentar, com o trote violento, situação nova em sua vida, traumatizante e/ou limitante, produzindo sintomas.

Dessa forma, o trote deve ser repensado. O ser humano precisa cada vez mais treinar em si mesmo a solidariedade, a hospitalidade, ser receptivo com quem chega e precisa de acolhimento e respeito. Precisamos evoluir psiquicamente, caso contrário a essência da vida se perde e estaremos contribuindo nefastamente para que o caos se instale.

Estamos oferecendo apoio e tratamento psicoterápico gratuito por meio do Núcleo de Apoio às Vítimas de Trotes Violentos, criado pelo pré-vestibular Med Smart Anglo com suporte dos cursos de Psicologia e de Direito da UniFil. Denúncias de agressões físicas e morais podem ser feitas pelo site www.trotezero.com.br

Professora Denise Hernandes Tinoco, Coordenadora do curso de Psicologia da UniFil e doutora em Psicologia Clínica

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Disque Denúncia: 43 3375 7676

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